Processo Construtivo

10) VEDAÇÕES VERTICAIS
A vedação vertical pode ser entendida como sendo um subsistema do edifício constituído por elementos que compartimentam e definem os ambientes internos, controlando a ação de agentes indesejáveis, entre os quais pessoas intrusas, animais, ventos, chuva, poeira e ruído.

Além das funções citadas, as vedações verticais servem também de suporte e proteção para as instalações elétricas e hidráulicas do edifício, quando embutidos.

Fazem parte das vedações verticais: paredes, esquadrias e revestimentos.

Alvenaria

A alvenaria é conjunto coeso e rígido, construído em obra através da união entre tijolos ou blocos (unidades de alvenaria) por juntas de argamassa (ou até sem elas).

Funções

● Resistir às cargas de ventos e às tentativas de intrusão, sem que a segurança de seus ocupantes seja prejudicada;
● Resistir à ação do fogo, não contribuindo nem para o início de incêndio, nem para a propagação da chama, nem para a produção de gases tóxicos;
● Isolar acusticamente os ambientes;
● Contribuir para a manutenção do conforto térmico no inverno e no verão;
● Impedir a entrada de ar e de chuva no interior dos ambientes.

Quando empregada apenas com função de compartimentação, a alvenaria é dita alvenaria de vedação. Se for dimensionada para receber cargas verticais da estrutura do prédio, ela é dita alvenaria estrutural.

A alvenaria de vedação é a mais comumente encontrada, sendo utilizada para fechamento de vãos da maioria dos edifícios construídos pelo processo construtivo tradicional, ou seja, aquele que se caracteriza pelo emprego de estrutura de concreto armado (lajes, vigas e pilares) e vedação de blocos cerâmicos ou de concreto.

Marcação da alvenaria

A marcação consiste na locação da primeira fiada da alvenaria. Esta operação vai garantir o correto alinhamento da parede e refletir-se-á na qualidade da elevação da alvenaria.

Antes da locação deverá ser verificado o nivelamento da laje, através de nível de mangueira ou do aparelho de nível. Na ocorrência de desnivelamentos localizados, deve-se remover a saliência ou aplicar uma camada de argamassa nas depressões.

A marcação deve ser iniciada pelas paredes da fachada para facilitar o enquadramento geral das paredes internas. Recomenda-se que a locação da alvenaria seja feita com o próprio bloco que será empregado na elevação da parede, pois blocos de dimensões ou características de deformabilidade diferentes podem afetar o comportamento posterior da parede. No caso de blocos vazados, é recomendável que se preencha os furos da primeira fiada para facilitar a posterior fixação dos rodapés.

Com regra, deve-se fazer a locação das paredes usando cotas acumuladas para minimizar o erro oriundo de medições sucessivas.

Outra medida importante é preencher sempre as juntas verticais entre os blocos da primeira fiada, ainda que o projeto de alvenaria preveja o restante da parede sem juntas verticais.

Os primeiros blocos marcados são sempre os das extremidades da alvenaria. Com eles assentados, estica-se uma linha unindo as faces externas dos dois blocos. A linha servirá de referência para o assentamento dos blocos intermediários da mesma fiada. É importante que a linha esteja em nível.


Elevação da Alvenaria

Na etapa de elevação da alvenaria, as fiadas vão sendo construídas sucessivamente uma sobre a anterior, com junta vertical alternada entre os blocos. Geralmente suspendem-se prumadas de guia nas extremidades da parede, com controle de prumo.

Para cada fiada de alvenaria, deve-se verificar o nível (horizontalidade), o prumo (verticalidade) e o esquadro (planicidade).

Em edifícios, para o início da elevação da alvenaria recomenda-se que estejam concretadas pelo menos quatro lajes acima do pavimento.

Mesmo blocos provenientes de um mesmo fornecedor têm diferenças dimensionais. Por isso, é conveniente que se defina uma face da parede (de preferência a face externa) para ser o plano referencial. Consequentemente, a outra face apresentará os blocos levemente desalinhados, com pequenas saliências. A única maneira de remover essa diferença é na etapa de revestimento da parede.

Quando duas paredes se encontram, deve haver a amarração entre elas. Isso é conseguido através do “entrelaçamento” dos blocos de uma e outra. Deixam-se blocos na direção perpendicular, a cada duas fiadas, ficando meio bloco saliente. Se uma parede simplesmente encostar-se a outra sem a amarração, certamente aparecerá uma trinca vertical no encontro delas.

Juntas

As juntas das alvenarias devem ter espessura de cerca de 1 cm.. Juntas pouco espessas levam a um deficiente desempenho mecânico da parede, devido à sua baixa capacidade de absorver deformações. Juntas muito espessas acarretam queda na resistência mecânica e maior consumo de argamassa.

A argamassa da junta horizontal é colocada sobre a fiada já assentada, podendo ser aplicada por toda a espessura da parede (utilizando-se a colher de pedreiro) ou aplicada de modo a fazer dois cordões contínuos paralelos (com bisnaga, meia-cana ou desempenadeira). A argamassa pode ser fabricada no canteiro – manualmente ou em betoneira – ou pré-fabricada.

As juntas da alvenaria devem ser desencontradas (ou de amarração), ou seja, a disposição dos blocos das fiadas pares é diferente da disposição das fiadas impares, a fim de que a junta não forme um plano vertical contínuo propenso ao cisalhamento e ao surgimento de fissuras.

Vergas e Contravergas

As vergas e contravergas são elementos estruturais executados nas aberturas destinadas às portas e janelas. As vergas são executadas na parte superior dos vãos, enquanto que as contravergas o são na parte inferior das aberturas. Vergas existem em portas e janelas; contravergas só em janelas.

As vergas e contravergas reforçam a parede, permitindo distribuir as tensões que se concentram nos vértices dos vãos, principais responsáveis por fissuras naquela região. A verga tem a função também de suportar o peso dos blocos das fiadas superiores.

Ambos os elementos devem avançar 30 cm além do vão, penetrando na alvenaria. As peças podem ser pré-moldadas ou moldadas no local. Para vãos de até 1,0m pode-se substituir verga de concreto por duas barras de aço 06,3mm embutidas na primeira junta acima da esquadria

A inexistência de verga pode causar a deformação da esquadria pelo esforço dos blocos superiores. A inexistência da contraverga gera esforços diferentes nas fiadas abaixo da esquadria, acarretando o surgimento de trincas a 45º a partir das quinas.

Vãos para esquadrias

Os vãos para portas e janelas devem ser criados à medida que a alvenaria é elevada. O espaço pode ser simplesmente deixado vago pelo pedreiro, ou pode ser utilizado um gabarito de dimensões determinadas (galga).

Os vão deverão ter folgas para encaixe dos batentes das esquadrias. Em geral, a folga é de 5 cm para cada lado. No caso de porta, deixa-se o vão com 5 cm a mais na altura de 10 cm a mais na largura (5 cm de cada lado). Para janelas, 10 cm a mais em ambas as direções. Esquadrias de ferro dispensam batentes e portanto a folga é de 3 cm, servindo apenas para ajuste na esquadria na parede.